De ‘O Exorcismo’ a ‘Evil Dead’: A estratégia e a confusão por trás dos títulos de terror

De ‘O Exorcismo’ a ‘Evil Dead’: A estratégia e a confusão por trás dos títulos de terror

O Retorno de Crowe ao Terror Religioso

Os fãs do cinema foram surpreendidos na última quinta-feira (25) com o lançamento do primeiro trailer de ‘O Exorcismo’. O filme marca o segundo projeto estrelado por Russell Crowe focado na temática do terror religioso em um curto período. Conhecido por sua vasta carreira em diferentes gêneros, com créditos em produções aclamadas como ‘Gladiador’ e ‘Uma Mente Brilhante’, o ator parece estar explorando um novo nicho.

A Trama do Novo Filme

No projeto, distribuído pela Miramax e Outerbanks Entertainment, Crowe interpreta um ator problemático que começa a ter problemas sérios enquanto filma um filme de horror sobrenatural. Sua filha distante, Lee, passa a questionar se o comportamento errático do pai se deve a um retorno aos vícios do passado ou se há algo muito mais sinistro em jogo. O longa é dirigido por Joshua John Miller (‘A Rainha do Sul’) e conta também com Sam Worthington, Chloe Bailey, Adam Goldberg e David Hyde Pierce no elenco.

‘O Exorcismo’ vs. ‘O Exorcista do Papa’

Devido à temática e ao retorno de Crowe ao gênero, a principal dúvida do público foi imediata: ‘O Exorcismo’ é uma continuação de ‘O Exorcista do Papa’? A resposta é não. Apesar dos títulos e temas levemente semelhantes, as produções não têm qualquer relação direta. A única conexão entre eles é a presença de Russell Crowe no elenco e, claro, o fato de serem filmes de terror pautados pelo sobrenatural. O sucesso estrondoso do longa anterior de Crowe no gênero, no entanto, justifica o interesse e a comparação.

A Importância do Título no Marketing de Horror

Essa situação, onde títulos e astros geram expectativas (e confusões) de franquia, não é uma novidade em Hollywood. A estratégia de marketing por trás dos nomes dos filmes de terror é um fator crucial há décadas. Um dos casos mais emblemáticos da indústria envolve a clássica saga de terror ‘Evil Dead’ (conhecida no Brasil como ‘Uma Noite Alucinante’), do diretor Sam Raimi.

A Ascensão de Sam Raimi com ‘Evil Dead’

A trajetória de Sam Raimi é uma das mais inspiradoras para cineastas independentes. Sendo jovens da classe trabalhadora de Detroit, ele e seu amigo ator, Bruce Campbell, não tinham dinheiro para fazer um filme. Eles buscaram fundos com todos que conheciam e conseguiram juntar $375.000, o valor exato para realizar ‘The Evil Dead’ (1981). O filme de “cabana na floresta”, filmado em 16mm, rastejou até os cinemas e se tornou uma sensação, arrecadando $2.4 milhões nos EUA e incríveis $27 milhões no exterior.

O Fracasso Comercial da Sequência

Em 1987, Raimi lançou ‘Evil Dead 2: Dead By Dawn’, uma sequência que também funcionava como um remake do original, estrelando Campbell novamente, mas com um orçamento maior ($3.5 milhões) e um tom muito mais cômico. Apesar de hoje ser considerado um clássico cult e adorado pela crítica, o filme foi um fracasso comercial na época, arrecadando apenas $5.9 milhões globalmente. O público não compareceu da mesma forma, e o filme lentamente construiu sua fortuna através do mercado de home video.

A Decisão de Mudar o Nome da Franquia

Foi justamente por causa do desempenho ruim de ‘Evil Dead 2’ que o filme seguinte, ‘Army of Darkness’ (1993), não foi chamado de ‘Evil Dead 3’. Em uma edição de 1992 da revista Cinefantastique, Robert Tapert, produtor de longa data de Raimi, revelou a lógica de marketing. O filme estava sendo distribuído por um grande estúdio, a Universal Pictures, que via a marca ‘Evil Dead’ como um problema, associada ao fracasso anterior. O estúdio exigiu que a associação fosse retirada do título para tentar atrair um público novo e mais amplo.